Os avisos dos cientistas do FDA parecem ter-se confirmado. Mas os relatórios internos desta agência onde tais preocupações eram expressas só se tornaram públicos após acção judicial.
Também não era suposto que viéssemos a saber destes problemas - a indústria da engenharia genética redobra-se em esforços para os esconder. Os estudos das empresas descritos acima, por exemplo, não são divulgados nem publicados em revistas científicas. Foi necessária a intervenção do tribunal para haver acesso a dois deles. Além disso os investigadores que descobrem problemas nos alimentos GM têm sido despedidos, postos na prateleira, impedidos de prosseguir na carreira e até ameaçados. O mito de que os alimentos GM são tão seguros como os alimentos cultivados desde há milhares de anos continua a imperar.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: TOXINAS E INSUCESSOS REPRODUTIVOS
A retórica oficial desde o início dos anos 90 proclama que os alimentos geneticamente modificados (OGM ou GM) são equivalentes aos seus correspondentes naturais que existem desde há séculos. Mas esta é uma afirmação puramente política, sem nada de científico. Numerosos cientistas do FDA [a autoridade americana de segurança alimentar] têm sistematicamente considerado estes novos alimentos GM como preocupantes. Para além do potencial para causarem problemas nutricionais e alérgicos difíceis de detectar, os cientistas afirmaram que "A possibilidade de mudanças acidentais inesperadas nas plantas GM" pode conduzir a "concentrações inesperadamente elevadas das substâncias tóxicas da planta”.As plantas GM poderão ter, segundo eles, "níveis aumentados de toxinas naturais conhecidas... aparecimento de novas toxinas ainda não identificadas" e uma tendência acrescida de incorporar "substancias tóxicas do ambiente" tais como "pesticidas ou metais pesados." Os cientistas do FDA recomendaram que todos os alimentos GM fossem testados "antes de ser introduzidos no mercado.". Os resultados dos poucos estudos de segurança que têm sido efectuados são perturbadores - os animais de laboratório alimentados com dietas GM apresentam múltiplos danos. Os relatos dos agricultores são ainda menos brilhantes - a doença, esterilidade ou morte em milhares de animais é apontada à sua dieta transgénica.
A dieta GM induz reacções tóxicas no aparelho digestivo
No primeiro transgénico que foi analisado pelo FDA no âmbito do seu sistema de avaliação voluntária, o tomate FlavrSavr, detectou-se a presença de toxinas. De 20 ratos fêmea alimentadas com esse tomate GM, 7 desenvolveram lesões estomacais. O director do Office of Special Research Skills [Gabinete de Investigação Especializada] do FDA escreveu que os tomates não demonstravam uma "certeza razoável de inocuidade”, que é o seu padrão normal de segurança. O Additives Evaluation Branch [Ramo de Avaliação de Aditivos] do FDA concordou "que se mantêm questões por resolver.”Contudo, os responsáveis políticos não requereram que o tomate fosse proibido.
Segundo o Doutor Arpad Pusztai, um dos maiores especialistas mundiais na avaliação da segurança alimentar dos alimentos GM, o tipo de lesões estomacais ligado ao consumo daqueles tomates transgénicos "pode levar a hemorragias potencialmente mortais, particularmente nos idosos que tomarem aspirina [para prevenir coágulos]." Pusztai acredita que o sistema digestivo deve ser o primeiro alvo da avaliação de riscos dos alimentos GM porque é o primeiro (e o maior) ponto de contacto com os alimentos e pode revelar várias reacções às toxinas. No entanto ele mostra-se preocupado porque a investigação sobre o FlavrSavr apenas olhou para o estômago e nunca para o intestino. Outros estudos que o fizeram, com outros OGM, encontraram problemas.
Num desses estudos os ratos foram alimentados com batatas onde tinha sido introduzido um gene bacteriano que produz o insecticida Bt, uma toxina contra insectos. Os cientistas analisaram a secção final do intestino delgado e encontraram células anormais e danificadas assim como crescimento celular excessivo.
Noutro artigo científico descreve-se a experiência em que ratos alimentados com batatas modificadas geneticamente para produzir um outro insecticida, a proteína GNA (a GNA e o Bt pertencem à família das lectinas), apresentaram também proliferação celular indevida, quer nas paredes do estômago quer dos intestinos (ver fotos abaixo). A proliferação celular pode ser uma precursora do cancro, o que torna qualquer crescimento anormal das células numa questão particularmente preocupante.
As dietas GM causam danos no fígado
O estado do fígado (uma das principais vias de desintoxicação do organismo) é outro indicador da presença de toxinas.
— Os ratos referidos acima, alimentados com batata transgénica produtora da lectina GNA, tinham fígados mais pequenos e parcialmente atrofiados.
— Ratos alimentadas com milho MON 863 da Monsanto, manipulado para produzir
insecticida Bt, apresentaram lesões no fígado e outras indicações de toxicidade.
— Coelhos alimentados com soja GM tinham um padrão enzimático alterado no fígado, assim como uma actividade metabólica acelerada.
— Os fígados de ratos alimentados com colza GM eram 12% a16% mais pesados, possivelmente devido a doença ou inflamação.
— A análise microscópica a fígados de ratos alimentados com soja transgénica Roundup Ready da Monsanto revelou uma actividade genética alterada, assim como mudanças funcionais e estruturais no núcleo de células do fígado. Muitas destas mudanças eram reversíveis e desapareceram quando a dieta foi mudada para soja não GM, o que é uma prova clara de que o impacto se devia ao facto da soja ser transgénica. Segundo o geneticista molecular Michael Antoniou, um investigador em terapia genética no King's College de Londres, estes efeitos "não são uma coincidência casual, reflectindo algum tipo de 'ataque' ao fígado pela soja GM." Antoniou lembra que, embora as consequências a longo prazo do consumo da soja GM não sejam conhecidas, este transgénico poderá conduzir à degeneração hepática e consequentemente a uma toxemia geral.
A dieta GM induz reacções tóxicas no aparelho digestivo
No primeiro transgénico que foi analisado pelo FDA no âmbito do seu sistema de avaliação voluntária, o tomate FlavrSavr, detectou-se a presença de toxinas. De 20 ratos fêmea alimentadas com esse tomate GM, 7 desenvolveram lesões estomacais. O director do Office of Special Research Skills [Gabinete de Investigação Especializada] do FDA escreveu que os tomates não demonstravam uma "certeza razoável de inocuidade”, que é o seu padrão normal de segurança. O Additives Evaluation Branch [Ramo de Avaliação de Aditivos] do FDA concordou "que se mantêm questões por resolver.”Contudo, os responsáveis políticos não requereram que o tomate fosse proibido.
Segundo o Doutor Arpad Pusztai, um dos maiores especialistas mundiais na avaliação da segurança alimentar dos alimentos GM, o tipo de lesões estomacais ligado ao consumo daqueles tomates transgénicos "pode levar a hemorragias potencialmente mortais, particularmente nos idosos que tomarem aspirina [para prevenir coágulos]." Pusztai acredita que o sistema digestivo deve ser o primeiro alvo da avaliação de riscos dos alimentos GM porque é o primeiro (e o maior) ponto de contacto com os alimentos e pode revelar várias reacções às toxinas. No entanto ele mostra-se preocupado porque a investigação sobre o FlavrSavr apenas olhou para o estômago e nunca para o intestino. Outros estudos que o fizeram, com outros OGM, encontraram problemas.
Num desses estudos os ratos foram alimentados com batatas onde tinha sido introduzido um gene bacteriano que produz o insecticida Bt, uma toxina contra insectos. Os cientistas analisaram a secção final do intestino delgado e encontraram células anormais e danificadas assim como crescimento celular excessivo.
Noutro artigo científico descreve-se a experiência em que ratos alimentados com batatas modificadas geneticamente para produzir um outro insecticida, a proteína GNA (a GNA e o Bt pertencem à família das lectinas), apresentaram também proliferação celular indevida, quer nas paredes do estômago quer dos intestinos (ver fotos abaixo). A proliferação celular pode ser uma precursora do cancro, o que torna qualquer crescimento anormal das células numa questão particularmente preocupante.
As dietas GM causam danos no fígado
O estado do fígado (uma das principais vias de desintoxicação do organismo) é outro indicador da presença de toxinas.
— Os ratos referidos acima, alimentados com batata transgénica produtora da lectina GNA, tinham fígados mais pequenos e parcialmente atrofiados.
— Ratos alimentadas com milho MON 863 da Monsanto, manipulado para produzir
insecticida Bt, apresentaram lesões no fígado e outras indicações de toxicidade.
— Coelhos alimentados com soja GM tinham um padrão enzimático alterado no fígado, assim como uma actividade metabólica acelerada.
— Os fígados de ratos alimentados com colza GM eram 12% a16% mais pesados, possivelmente devido a doença ou inflamação.
— A análise microscópica a fígados de ratos alimentados com soja transgénica Roundup Ready da Monsanto revelou uma actividade genética alterada, assim como mudanças funcionais e estruturais no núcleo de células do fígado. Muitas destas mudanças eram reversíveis e desapareceram quando a dieta foi mudada para soja não GM, o que é uma prova clara de que o impacto se devia ao facto da soja ser transgénica. Segundo o geneticista molecular Michael Antoniou, um investigador em terapia genética no King's College de Londres, estes efeitos "não são uma coincidência casual, reflectindo algum tipo de 'ataque' ao fígado pela soja GM." Antoniou lembra que, embora as consequências a longo prazo do consumo da soja GM não sejam conhecidas, este transgénico poderá conduzir à degeneração hepática e consequentemente a uma toxemia geral.
As OMG´s e a Agricultura
A investigação sobre Organismos Geneticamente Modificados (OGM) na agricultura começou nos anos 80, mas a sua comercialização só teve início nos anos 90, exclusivamente nos EUA.
Desde 1996, verificou-se um rápido crescimento destas culturas a nível mundial e, em 2006, a área cultivada com culturas Geneticamente Modificadas (CGM) atingiu os 100 milhões de hectares para 10 milhões de agricultores em 22 países.
Em 2005, a soja representou cerca de 62% da área com CGM e cerca de 60% da área mundial de soja é transgénica. O milho representa a segunda mais importante cultura transgénica (22%) e cerca de 14% da área mundial de milho é transgénico.
Em 21 de Abril de 2005, Portugal transpôs a legislação europeia sobre a libertação em meio ambiente de CGM. A regulamentação então aprovada permite a coexistência dos diferentes modos de produção, implicando a manutenção de uma distância mínima de 200 m entre culturas GM e Não-GM, a monitorização das culturas e acções de controlo de todo o processo.
Para além das medidas acima referidas, os agricultores que desejem introduzir culturas GM devem informar os vizinhos dessa intenção e prosseguir cursos de formação para a produção de culturas geneticamente modificadas.
Importa saber se o desenvolvimento das culturas transgénicas é uma oportunidade para o desenvolvimento da agricultura nacional ou se, pelo contrário, será um tipo de cultura que aportará problemas e dificultará a competitividade da agricultura portuguesa num contexto europeu e mundial.
As questões da segurança alimentar, da protecção ambiental, da produtividade e dos novos usos para os produtos com origem em CGM deverão ser amplamente discutidas entre todos os elementos da sociedade, sem tabus nem preconceitos, numa perspectiva científica.
Este colóquio pretende assim contribuir para a discussão clara e aberta entre todos os interessados pelo tema das Culturas/Organismo Geneticamente alterados na agricultura portuguesa.
Desde 1996, verificou-se um rápido crescimento destas culturas a nível mundial e, em 2006, a área cultivada com culturas Geneticamente Modificadas (CGM) atingiu os 100 milhões de hectares para 10 milhões de agricultores em 22 países.
Em 2005, a soja representou cerca de 62% da área com CGM e cerca de 60% da área mundial de soja é transgénica. O milho representa a segunda mais importante cultura transgénica (22%) e cerca de 14% da área mundial de milho é transgénico.
Em 21 de Abril de 2005, Portugal transpôs a legislação europeia sobre a libertação em meio ambiente de CGM. A regulamentação então aprovada permite a coexistência dos diferentes modos de produção, implicando a manutenção de uma distância mínima de 200 m entre culturas GM e Não-GM, a monitorização das culturas e acções de controlo de todo o processo.
Para além das medidas acima referidas, os agricultores que desejem introduzir culturas GM devem informar os vizinhos dessa intenção e prosseguir cursos de formação para a produção de culturas geneticamente modificadas.
Importa saber se o desenvolvimento das culturas transgénicas é uma oportunidade para o desenvolvimento da agricultura nacional ou se, pelo contrário, será um tipo de cultura que aportará problemas e dificultará a competitividade da agricultura portuguesa num contexto europeu e mundial.
As questões da segurança alimentar, da protecção ambiental, da produtividade e dos novos usos para os produtos com origem em CGM deverão ser amplamente discutidas entre todos os elementos da sociedade, sem tabus nem preconceitos, numa perspectiva científica.
Este colóquio pretende assim contribuir para a discussão clara e aberta entre todos os interessados pelo tema das Culturas/Organismo Geneticamente alterados na agricultura portuguesa.
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